25 maio 2006

Santa Sara Kali e Ciganos

24 e 25 de maio são os dias de Santa Sara Kali, a Santa dos Ciganos.

Ciganos na Umbanda

Texto de Rubens Saraceni, no livro “Umbanda Sagrada”

A Linha dos Ciganos é uma Linha especial, pois tem seus próprios rituais e fundamentos adaptados à Umbanda, já que eles remontam a um passado multimilenar e estão ligados ao próprio povo cigano.
O povo cigano tem suas cerimônias próprias e tem seus rituais coletivos adaptados à Umbanda e suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes.
Esses espíritos ciganos trabalham na irradiação dos Orixás, mas louvam Santa Sara Kali, que é padroeira deste povo, nômade por natureza e por instinto de sobrevivência.

Santa Sara Kali

A cigana escrava que venceu os mares com sua fé e virou Santa

Conta a lenda que Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de Arimatéia e Trofino, junto com Sara, uma cigana escrava, foram atirados ao mar, numa barca sem remos e sem provisões.
Desesperadas, as três Marias puseram-se a orar e a chorar. Aí então Sara retira o diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Milagrosamente, a barca sem rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos em Petit-Rhône, hoje a tão querida Saintes-Maries-de-La-Mer.
Sara cumpriu a promessa até o final dos seus dias.
Sua história e milagres a fez Padroeira Universal do Povo Cigano, sendo festejada todos os anos nos dias 24 e 25 de maio.
Segundo Míriam Stanescon - Rorarni (do clã Kalderash), deve ter nascido deste gesto de Sara Kali a tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do seu vestuário: a prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma cigana se diz: Dalto chucar diklô (Te darei um bonito lenço).
Além de trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Muitas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer no sul da França, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um diklô, o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas ciganas receberam esta graça.
Para as mulheres ciganas, o milagre mais importante da vida é o da fertilidade porque não concebem suas vidas sem filhos. Quanto mais filhos a mulher cigana tiver, mais dotada de sorte ela é considerada pelo seu povo. A pior praga para uma cigana é desejar que ela não tenha filhos e a maior ofensa é chamá-la de "ventre seco". Talvez seja este o motivo das mulheres ciganas terem desenvolvido a arte de simpatias e garrafadas milagrosas para fertilidade.

Oração à Santa Sara

Tu que é a única santa cigana do mundo.
Tu que sofreste todas as formas de humilhação e preconceitos.
Tu que foste amedrontada e jogada ao mar, para que morresses de sede e de fome.
Tu sabes o que é o medo, a fome, a mágoa e a dor no coração.
Não permitas que meus inimigos zombem de min ou me maltratem.
Que tu sejas minha advogada perante a Deus.
Que tu me concedas sorte, saúde e que abençoe a minha vida.
Amém

Oração a Santa Sara Kali

Autoria: Cigana Ana Natasha

Santa Sara,
Minha protetora,
Cubra-me com seu manto celestial.
Afaste as negatividades que porventura estejam querendo me atingir.
Santa Sara, protetora dos ciganos, sempre que estivermos nas estradas do mundo, proteja-nos e ilumine nossas caminhadas.
Santa Sara, pela força das águas, pela força da Mãe-Natureza, esteja sempre ao nosso lado com seus mistérios.
Nós, filhos dos ventos, das estrelas, da Lua cheia e do Pai só, pedimos a sua proteção contra os inimigos.
Santa Sara, ilumine nossas vidas com seu poder celestial, para que tenhamos um presente e um futuro tão brilhantes, como são os brilhos dos cristais.
Santa Sara, ajude os necessitados; dê luz para os que vivem na escuridão, saúde para os que estão enfermos, arrependimento para os culpados e paz para os intranqüilos.
Santa Sara, que o seu raio de paz, de saúde e de amor possa entrar em cada lar, neste momento.
Santa Sara, dê esperança de dias melhores para essa humanidade tão sofrida.
Santa Sara milagrosa, protetora do povo cigano, abençoe a todos nós, que somos filhos do mesmo Deus.

História do Povo Cigano e os Sete Clãs

Texto da Cigana Zara, do clã Kalon

A maioria desse material que apresento foi escrito por "gadjes" (não-ciganos) então existem alguns erros de interpretação, visto que nossa linguagem é ágrafa (sem a forma escrita) e o conhecimento é passado verbalmente dentro dos clãs. Porém, esse material é, na minha opinião, o mais completo que tenho e o que mais se aproxima da nossa realidade. O que não estiver de acordo com nossa realidade, farei uma pequena ressalva ao lado.
Somos divididos em sete clãs e às vezes existem algumas diferenças entre nós, mas nada tão relevante que possa nos desunir. Essa divisão baseia-se apenas na nossa origem. Como não temos uma Pátria acabamos assimilando alguns costumes das nações que adotamos, por isso existem essas pequenas diferenças.
Porém deixo bem claro que embora assimilando alguns costumes jamais perdemos nossas tradições e nossa identidade.
Antes de falar sobre os CLÃS CIGANOS, deixo aqui uma observação: além da denominação "CLÃ" (a mais correta) também aceitamos a denominação "GRUPOS", mas jamais refira-se a um clã cigano chamando-os de "TRIBO" (como vejo muitas vezes na literatura por aí...).
Os ciganos não gostam e não aceitam a palavra "tribo", pois não possuímos caciques ou pajés, centralizando o poder, como nas tribos indígenas.

Os SETE CLÃS CIGANOS são:

Kalê (Kalons): esse clã fixou residência basicamente na Espanha e em Portugal e foram os primeiros ciganos a chegarem ao Brasil, deportados e degredados pelo Reino de Portugal em meados do século XVI. Com a vinda de D. João VI e da família real para o Brasil eles vieram em maior número e dessa vez, por opção.
O primeiro cigano que se tem notícia a chegar ao Brasil foi João Torres e sua família, condenados pela Inquisição e degredados da Metrópole em 1574.
Devido às perseguições sofridas pela realeza e pelo clero, além do "romami" (romanês) que é o idioma do povo cigano, criaram um dialeto próprio, para confundir seus perseguidores, o "kalé", mesclando o "romani", o espanhol e o português. Dialeto este utilizado até os dias de hoje.
Suas principais ocupações são com o comércio de cavalos (note bem que diferentemente dos "Roraranê" - como poderão ver abaixo - esse clã não se especializou na criação dos cavalos, mas sim no seu comércio), são também excelentes cavaleiros e domadores de cavalos. Também se especializaram em trabalhos com cobre, música, dança e nas artes adivinhatórias.
É o clã mais numeroso no Brasil e também é considerado o clã mais fechado, o mais tradicional, o mais arraigado as tradições do povo cigano.

Kalderash: esse clã fixou residência basicamente na Romênia e na antiga Iugoslávia.
É o segundo clã mais numeroso no Brasil e começaram a chegar por aqui no final do século XVIII, afluindo em maior quantidade quando da expansão do nazismo na época da segunda guerra mundial.
Suas maiores ocupações são trabalhos com cobre, canto e a dança.
São também desse clã o maior número de ciganos que teve acesso aos estudos e muitos hoje são médicos e advogados.
Também são extremamente apegados as tradições e a cultura cigana, porém são mais flexíveis e hoje, em algumas famílias, já podemos ver meninas chegando as Universidades e também alguns casamentos entre "roms" (ciganos) e "gadjes".

Moldowaia (Moldovano): esse clã fixou residência basicamente na Rússia.
De pele mais clara e olhos azuis, viveram em suas carroças até meados do século passado "maltratados" pelo rigor do inverno russo e dificilmente eram identificados como ciganos quando estavam longe dos acampamentos devido a pesada roupa que usavam para se proteger do frio.
O nome deste clã originou-se da palavra Moldávia, região da Europa Central que chegou a fazer parte do Império Russo e da antiga União Soviética.
Poucas famílias desse clã imigraram para o Brasil e os que vieram se concentraram em sua grande maioria no sul do país devido a questões climáticas.

Roraranê (Roraranó): esse clã fixou residência basicamente na Grécia e na Turquia e muitas vezes suas danças (especialidade desse clã) são confundidas pelos gadjes com as danças árabes e suas mulheres com as famosas odaliscas.
Porém, apesar da sensualidade comum a ambas as danças, existem diferenças enormes: a cigana pode até usar um ousado decote (o seio para nós é visto como sagrada fonte de alimento) mas não pode mostrar nem a barriga nem as pernas(como fazem as dançarinas árabes). Quando dançam, as ciganas tem no mínimo duas saias: uma para cobrir suas pernas e a de cima para poder ser balançada a vontade, de acordo com a dança e a música, sem a preocupação de descobrir-lhes as pernas.
São também conhecidos como grandes criadores de cavalos.
Esse clã também chegou ao Brasil no final do século XVIII.

Mathiwia (Matchuaya): esse clã, assim como os "Kalderash" também fixou residência na Romênia e na antiga Iugoslávia.
Também se especializaram no canto, na dança e nos trabalhos com cobre.
Chegaram ao Brasil também no final do século XVIII e muitas vezes são confundidos com os "Kalderash".

Os clãs Shibiaia e Hitalihiá raramente são citados em livros que falam sobre os ciganos no Brasil por não haver nenhum registro da passagem desses clãs por aqui e até hoje não temos notícias de nenhuma família desses clãs residindo no Brasil.

Nossa bandeira é uma só, para todos os clãs e simboliza nossa forma de viver: o azul da parte superior representa o céu, o verde da parte inferior representa a terra e as matas e no centro, a roda, representando os "coranins" (carroções) onde vivíamos e nos locomovíamos livremente.

Hoje em dia, é muito raro os ciganos se locomoverem em suas carroças (ainda vemos algumas na Espanha, mais especificamente em Andaluzia) e a maioria dos ciganos vive em casas comuns, porém é muito fácil reconhecer a moradia de um cigano: existe sempre uma tenda montada no quintal e é onde todos dormem, pois as paredes e o teto de uma casa nos dão a sensação de estarmos aprisionados e nos sufocam.
Mesmo com a atual vida sedentária do povo cigano, estamos sempre viajando, nos reunindo, nos encontrando, pois é muito difícil ficarmos parados num só lugar por muito tempo.
Infelizmente, a falta de segurança dos dias de hoje praticamente acabou com os acampamentos e suas lindas tendas coloridas ao redor das fogueiras...
Essa tradição porém é sempre resgatada no mês de maio, na pequena cidade francesa de Saintes-Marie-de-la-Mer, onde diz a lenda, Santa Sara Kali (protetora do povo cigano) aportou fugindo da perseguição dos judeus e onde ciganos de todo o mundo se encontram anualmente para comemorar o dia de nossa Santa Protetora, em 24 de maio.
Nessa época a cidade fica repleta de ciganos que começam a chegar em suas carroças, com suas tendas e roupas coloridas desde o início do mês, vindos de todos os cantos do planeta e onde reina a alegria e uma grande festa de confraternização de todo um povo...

Ser cigano

Autoria: Rorarni/Mirian Stanescon

Ser Cigano é respeitar a liberdade, a natureza e acima de tudo a vida
É viver e deixar viver
É ter a lucidez de saber esperar
É não esgotar todos os recursos
É preferir morrer com honra, do que viver desonrado
É ter como lema ser feliz
É agradecer as pequeninas coisas da vida
É dignificar seus velhos
É glorificar suas crianças
É respeitar os povos e as coisas que se desconhece
É nunca contestar a Justiça Divina
É acima de tudo amar e respeitar Deus e Seu filho
Jesus Cristo, nosso grande Mensageiro.

Mensagem

Mirian Stanescon, Princesa Cigana Kalderash

Aquele que aprende a dividir o que tem, faz perante os olhos de Deus, uma grande soma.
Quando nos conformamos com o essencial que a vida nos oferece, deixamos de cair no grande pecado da ganância e do egoísmo.

21 maio 2006

Oração gaúcha

De Dom Felipe de Nadal.

"Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Com licença do patrão celestial, vou chegando e conto o cevo amargo de minhas confidências porque ao romper da madrugada e ao descambar do sol preciso camperiar por outras invernadas e repousar do céu a força e a coragem para o entrevero do dia que passa.
Eu bem sei que qualquer guasca bem fechado, de fato, rebento e espóras não se afirma nos arreios da vida e não se estriba na proteção do céu.
Ouve, patrão celeste a oração que te faço, ao romper da madrugada e ao descambar do sol.
Tomara que todo mundo seja como um irmão, ajude-me a perdoar as afrontas e a não fazer aos outros o que não quero pra mim.
Perdoa-me Senhor porque regueando pelas canhadas da fraqueza humana, de quando em vez, quase sem querer eu me solto porteira afora.
Eita, potrilho chucro, renegado e caboteiro!
Mas eu te garanto, meu bom Deus, eu quero ser bom e direito.
Ajuda-me Virgem Maria, primeira prenda do céu; socorre-me São Pedro, capataz da estância gaúcha; e pra fim de conversa, vou te dizer meu Deus, mas somente pra ti:
que a tua vontade leve a minha de cabresto, pra todo o sempre, até a querência do céu.
Amém."

14 maio 2006

Problemas no Céu

Deus fazia a sua costumeira ronda pelo céu.
Percebeu que algumas pessoas não eram suficientemente puras para estar ali.
Elas mesmas se envergonhavam diante dos bem aventurados, gente de imaculada beleza!
"O que está acontecendo?", pensou Deus.
"Será que Pedro não está vigiando bem a porta do céu?
Por que ele está deixando essa gente entrar?
Será que a idade avançada debilitou a sua coragem?
Isso não pode continuar."
Pediu, então, a um anjo mensageiro que fosse chamar Pedro.
O anjo chegou aonde Pedro estava.
Tomava conta da entrada do céu.
Parecia muito feliz e tranqüilo.
"Pedro", disse o anjo, "vim substituir você um pouquinho, Deus precisa falar com você."
Pedro foi depressa ao encontro do Senhor.
Chegando à sua presença fez uma profunda reverência.
O Senhor foi logo dizendo:
"Há muita gente que não deveria estar aqui nesta santa e celestial morada.
Por que você os deixou entrar?"
Pedro respondeu assustado:
Não é possível! Como é que isso pôde acontecer?
Estou tão surpreso quanto o Senhor!
Fico no meu lugar, dia e noite, vigiando a entrada do céu.
Permaneço atento para que só entrem as pessoas que estão purificadas."
"Calma Pedro.
Talvez alguém esteja trapaceando.
Olhe! Você conhece aquelas pessoas?"
"Não, Senhor. Francamente, nunca as vi e com certeza não passaram por mim.
Eu lhe prometo que vou encontrar o responsável por isso.
Se eu não conseguir, o Senhor pode me tirar o cargo de porteiro do céu."
Pedro voltou rapidamente para o seu posto. Conferiu a fechadura.
Verificou se não havia alguma entrada clandestina. nada.
Tudo estava na mais perfeita ordem.
Sorriu tranqüilo e continuou vigiando a grande porta.
Poucos dias depois para a sua surpresa, constatou a presença de novos intrusos.
Por onde entraram? Como? Quando?
Foi logo procurar Deus.
Ambos resolveram então permanecer perto da entrada para descobrir o que estava
acontecendo. Ficaram bem atentos. O que viram?
Uma cena fantástica!
Fora do céu, nas proximidades da porta de entrada, uma multidão chorava.
Eram as pessoas que Pedro não deixara entrar.
Profundamente comovida, lá estava Maria ajudando-os.
A Mãe de Deus encostara uma escada no muro e fazia as pessoas subirem por ela e entrarem no céu.
Pedro suspirou aliviado.
Tendo provado a sua inocência, disse para Deus
"Talvez seja bom o Senhor ter uma conversa com ela...
Mas Deus, vendo o carinho, a doçura e a ternura com que Nossa Senhora tratava aqueles infelizes, concluiu:
"Não adianta, Pedro. Você a conhece bem.
Ela sempre vai conseguir um jeitinho de continuar ajudando!
Mãe é mãe!

11 maio 2006

Salve os Pretos Velhos!


Os Pretos Velhos

Linha de trabalho da Umbanda, cujos Guias nos trazem a sabedoria, a experiência e a humildade.

Saudação: Adorei meu pai
Cor da vela: preta e branca (metade preta e metade branca)
Guia: branca e preta ou de sementes conhecidas como lágrimas de Nossa Senhora
Comida: tutu de feijão, cuscuz, bolo de fubá, queijo branco
Bebida: café ou vinho tinto
Flores: flores do campo coloridas; crisântemo branco
Local para oferenda: campos
Data comemorativa: 13 de maio
Dia da semana: segunda-feira
Santo católico correspondente: não há um Santo específico

Oração dos Pretos Velhos

"Senhor, Nosso Pai, que sois o Poder, a Bondade, a Misericórdia, olhai por aqueles que acreditam em Vós e esperam por vossa bondade, poder e misericórdia.
Dá Pai, aos que vacilam no Vosso Poder, na Vossa Misericórdia e Bondade, a clareza de pensamento e abri-lhes, Senhor, os olhos para que pratiquem sempre o bem, a caridade para com os outros dentro da humildade de Vossa Sabedoria, reconhecendo assim a Vossa Existência, Poder e Misericórdia, bem assim, o Vosso Reino.
Senhor, perdoa aqueles que a escuridão ainda nao deixou ver os erros cometidos na sua passagem terrena. Dá, Senhor, a eles que sofrem a luz de Seu imenso Amor e da Sua Sabedoria.
Que a sua luz nos ilumine neste mundo e em outros que ainda desconhecemos, e em todos os lugares por onde passarmos nos proteja. Oh ! Meu Pai Santíssimo !! A nós pecadores aceita o nosso arrependimento dos erros que temos cometido. Pai, pela sua sagrada bondade e paixão, consenti que caminhe até vós pelo caminho da perfeição.
Dá Senhor, orientação perfeita no caminho da virtude, único caminho pelo qual devemos trilhar.
Misericórdia aos nossos inimigos. Perdão a todos os nossos erros, e que Vossa Bondade não nos falte hoje e sempre....
Amém."

Oração aos Pretos Velhos

Carreteiro de Oxalá
Bastão bendito de Zambi
Mensageiro de Obatalá
Meu pensamento se eleva ao teu espírito e peço "Agô".
Que tuas guias sejam o farol que norteie minha vida.
Que vossa pemba trace o caminho certo para todos os meus atos, que vossas palavras, tão cheias de compreensão e bondade, iluminem minha mente e meu coração, que teu cajado me ampare em meus tropeços.
Ontem, te curvastes aos senhores. Hoje, ajoelho-me aos seus pés, pedindo que intercedas junto a Oxalá por mim e por todos que neste momento clamam por vós.
Maleme e Paz sobre meu lar, e que a Luz Divina de Obatalá se estenda pelo mundo, e que o grito de todos os Orixás sejam o sinal de vitória sobre todas as demandas de minha vida.
Maleme as Almas.
Maleme para todos os meus inimigos, para que saiam do negrume da vingança e encontrem a fonte fecunda e clara do amor e da caridade.

Oração aos Pretos Velhos e as Almas Benditas

"Louvados sejam todos os pretos-velhos; louvados sede vós que formais o santíssimo rosário da Virgem Maria.
Santas Almas Benditas, protetoras de todos aqueles que se encontram em aflição. A vós recorremos Espiritos Purificados pelo sofrimento, grandiosos pela humildade, bem aventurados pelo amor que irradias, socorrei-me, pois encontro-me em aflição. Concedei-me, meus bondosos pretos-velhos, a graça de (pede-se a graça), através de vossa intercessão junto à Santa Virgem Maria, santíssima Mãe de Jesus e de todos nós. Dai-me, meus pretos-velhos, um pouco de vossa humildade, de vosso amor e de vossa pureza de ações e pensamentos, para que possa cumprir a minha missão na Terra, seguindo todos os vossos exemplos de bondade, caridade e humildade. Louvadas sejam todas as Santas Almas Benditas, Sabidas e Entendidas. Louvados sejam todos os Pretos-Velhos. Senhor meu Deus, tende piedade de nós. Assim seja....
Amém."

Oração das 13 Almas Benditas, Sabidas e Entendidas

"Oh! minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas; a vós peço pelo amor de Deus atender o meu pedido.
Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, a vós peço pelo sangue que Jesus derramou, atendei o meu pedido.Minhas 13 almas, benditas, sabidas e entendidas, peço-vos pelas lágrimas que Jesus Cristo derramou de seu sagrado corpo, atendei o meu pedido. Meu senhor Jesus Cristo, que a vossa proteção me cubra, que os vossos braços me guardem do no vosso coração e me proteja com os vossos olhos.
Oh! Deus de bondade, vós sois meu advogado na vida e na morte; peço-vos que atendei meus pedidos e me livrai dos males e dai-me sorte na vida. Segue meus inimigos, que os olhos dos maus não me vejam, cortai as forças dos meus inimigos.
Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, se me fizerdes alcançar estas graças ( pede-se as graças), ficarei devota de vós e mandarei publicar esta oração, mandando rezar uma missa."
* Reza-se durante 13 dias cada dia 1 Pai nosso e 1 Ave Maria.

Cantando também se reza

E lá no céu
Eu vi uma estrela correr
E na pedreira
Eu vi pedra rolar
Vi os caboclos
Dançando lá na areia
Linda serei começou cantarolar.
E no seu canto ela sempre dizia
Que só queria ter asas pra voar
Pra ir ao céu buscar a estrela que brilha
Pra Pai Thomaz enfeitar o seu Congá.

Olelê meu Deus do céu
Que alegria
Os Pretos Velhos não carregam a soberbia
Meu Deus do céu isso assim eu preferia
A estrela D'alva no ponto do meio dia.
Eu vou plantar neste quintal pé de pinheiro
Para mostrar como se quebra macumbeiro.
Olelê meu Deus do céu
Que alegria
Os Pretos Velhos não carregam a soberbia
Meu Deus do céu isso assim eu preferia
A estrela D'alva no ponto do meio dia.
Pega o penacho bota embaixo da campanha
Nesse terreiro galo velho não apanha.
Olelê meu Deus do céu
Que alegria
Os Pretos Velhos não carregam a soberbia
Meu Deus do céu isso assim eu preferia
A estrela D'alva no ponto do meio dia.

Navio negreiro
Vem beirando o mar.
Navio negreiro
Vem beirando o mar.
Vem trazendo os Pretos Velhos para trabalhar.
Vem trazendo as Pretas Velhas para trabalhar.

Ô nega cambinda
Filha de babalaô
Ô nega das costas ninas
Filha de babalaô
Na macumba, eh
Na macumba, ah
Saravá os Pretos Velhos
Salve Deus Nosso Senhor.

Cambina Mamãe eh
Cambina Mamãe ah
Cambina Mamãe eh
Cambina Mamãe ah
Segura a Campina que eu quero ver
Filhos de Umbanda não tem querer.
Segura a Campina que eu quero ver
Filhos de Umbanda não tem querer.

Quando o povo vem de Minas
Vem beirando a beira-mar
Bota coco no sereno
Deixa coco serená.
Preto Velho é lá de Angola
De Angola é Angola
Pretos Velhos nesta casa
Vem agora trabalhar.
Quando o povo vem de Minas
Vem beirando a beira-mar
Bota coco no sereno
Deixa coco serená.
Com ordem de Xangô
Os Pretos Velhos vão descer
E a todos os filhos de fé
Os Pretos Velhos vêm pra benzer.

Pretos Velhos quando vêm lá da Aruanda
Vêm com um rosário em suas mãos
Quebrando mandinga na Umbanda
Nossa Senhora é a sua proteção.
Vêm Pretos Velhos, vêm
Vêm trazendo seus irmãos
Vêm Pretos Velhos, vêm
Nossa Senhora é a sua proteção.

Homenagem aos Pretos Velhos

Texto de Marco Boeing.

Nos momentos mais difíceis da minha existência, o poder sentir as vossas presenças, é sim o bálsamo mais precioso, e o único verdadeiramente consolador. A Vibração que dissipa as trevas do sofrimento, me trazendo de volta, a tranqüilidade, o equilíbrio e a esperança.
O único capaz de nos trazer a certeza, de poder sim, reencontrar a luz.
Um dia, andando pelos caminhos da vida deparei-me com um Velho, sentado em um tronco de árvore, que estava caído bem à beira do meu caminho.
Ele, fumando seu cachimbo, de olhos fixos, em algum ponto, sobre a grama verde em que pisava descalço.
A própria imagem da Paciência e da Sabedoria.
A Paciência de quem tem a experiência do ontem, e a Sabedoria de quem conhece o que será o amanhã.
Tomado pôr um incontrolável, porém calmo desejo, me aproximei. Ajoelhei-me bem a sua frente. Perguntei:
- O meu velho. O que posso fazer pôr ti??
Talvez trazer-te algo? Comida, água, velas, quem sabe até flores.
Ele no entanto, mantendo a mesma postura, apenas me olhou. Sorriu, e então me disse:
- De ti, filho, não quero nada. Apenas a tua companhia, ainda que breve.
Nesse instante me senti como um menino, um garoto, uma criança.
Inundado pelo mais puro sentimento de amor e alegria, que jamais havia sentido.
Uma surpreendente leveza, e harmonia. Uma tranqüilidade plena e absoluta.
Não sei ao certo, pôr quanto tempo ali fiquei, apenas ouvindo, ou melhor, sentindo a sua presença. Lições que ele tinha para me dar.
Ele não pronunciava nenhuma palavra, mas suas lições me eram transmitidas.
Sei apenas, que ao voltar a minha estrada, tudo estava diferente.
O que eram trevas, haviam se iluminado, minhas dores, haviam sido consoladas.
Minhas angustias, tinham se acalmado, o que era incerto, havia se resolvido, Assim é o meu mestre. Assim é o meu guia.
Meu Pai. A quem devo minha vida.
Sempre calmo, tranqüilo e sereno, trazendo sempre a Paz e harmonia necessárias, para solução de todos os nossos problemas.
Eu agora sei, meu Pai. Sou eu quem realmente precisa da tua companhia.
PRETOS-VELHOS que vem de Aruanda.
A ti, que nesta pequena homenagem, venho saudar.
Venho pedir sua benção. Venho pedir o teu Malei-me, o Teu perdão, para minhas muitas faltas.
Venho pedir-te que me permita estar sempre em sua companhia.

As sete lágrimas de um Preto-Velho

Autor desconhecido.

Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto-velho chorava. De seus "olhos" molhados, Esquisitas lágrimas desciam-lhe pela face e não sei porque contei-as...
Foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei.
Fala meu preto-velho, diz ao teu filho por que externas assim uma tão visível dor?
E ele suavemente respondeu: Estas vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.
A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...
A segunda a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.
A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a UMBANDA, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante.
A quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.
A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na UMBANDA, nos teus Cablocos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo.
A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.
A sétima, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos "olhos" de todos os Orixás. Fiz doação dessas aos médiuns Vaidosos, que só aparecem no centro em dia de festa e faltam as doutrinas. Esquecem, que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.
Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma DAS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO-VELHO.